Repito aqui tudo que já havia dito antes no comentário de Baudolino, afinal o que se deve esperar do autor do nome da rosa? Porém neste livro temos um humor muito mais pesado, doentio e violento.
Umberto Eco não faz apenas crítica aos padres, maçons e personagens da história, ele faz um ataque a moral e a própria sociedade, ao próprio ser humano. Umberto Eco não poupa críticas a ninguém, todos são culpados – a começar pelo herói da história, Simonini.
Simonini não tem nenhuma característica digna de nota, falo das positivas, nenhuma que possa se chamar de virtude. Não é nada confiável, e ainda egoísta e misógino, mesmo assim é com ele que você vai se identificar.
Simonini faz coisas detestáveis, porém faz isso unicamente como autoproteção, afinal vive em um ambiente onde se desenrolam complôs, enganos, falsificações e assassinatos.
Mas é esse o charme da história, e creio que a exemplo de O nome da rosa, um clássico moderno e contemporâneo, O cemitério de Praga está destinado a ser tornar mais um clássico, no mínimo um excelente filme.
Sinopse da editora:
"O mais importante intelectual italiano vivo, imbatível nos estudos de semiótica, Umberto Eco é, também, um romancista de talento incomparável. Mestre em criar tramas engenhosas, capazes de mesclar vários níveis de linguagem, personagens e ações, se tornou conhecido mundo afora com o sucesso de público e crítica O nome da rosa. Três décadas depois desse estupendo thriller, Eco retorna com um dos mais antecipados — e controversos — livros dos últimos anos: O cemitério de Praga. Quatrocentos mil exemplares vendidos na Itália em um mês.
Um tratado sobre o mecanismo do ódio, e espécie de síntese da história do preconceito, o livro causou desconforto em setores mais conservadores da sociedade italiana, principalmente entre religiosos, por misturar personagens históricos a um anti-herói fictício, cínico e maquiavélico, capaz de tudo para conseguir se vingar de padres, jesuítas, comunistas, mas, principalmente, dos judeus. Repleto de teorias da conspiração, falsificações, assuntos maçônicos e detalhes da unificação italiana, é no antisemitismo que repousa o coração da narrativa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário