quinta-feira, 23 de maio de 2013

08 - Porcos com asas - diário sexo-político de dois adolescentes



08 - Marco L. Radice e Lidia Ravera; Porcos com asas - Diário Sexo-Político de Dois Adolescentes; Editora Brasiliense; 1981; 175 páginas – Período de leitura: 15/05/13 - 29/05/13
Comentário: 

Porcos com asas é uma divertida brincadeira literária envolvendo sexo, conflitos e muita sacanagem. O livro que tenho em mãos é uma cópia surrada, envelhecida e rançosa, já com as folhas caindo, se soltando, e me chegou às mãos através de um amigo que nada tem a ver com este livro – meu amigo é tímido e a história irreverente. (tive que colar as folhas para poder ler). Porcos com asas conta a história, na forma de diário, de ou entre dois adolescentes, um rapaz chamado Rocco e uma garota que se chama Antônia. Este é um livro sobre conflitos, pois os mostra nas suas mais variadas formas: conflitos entre gerações, entre sexo, entre irmãos e também conflitos pessoais e levemente existenciais. Porém de conflitos políticos traz muito pouco, apesar de constar no título: diário sexo-politico..., tudo é descrito de forma bastante ingênua, por outro lado traz muita sacanagem, bem no estilo brasileiro da chanchada. Este livro também soa meio transgressivo para a época em que foi lançado, (começo dos 80), e para o publico alvo da coleção: jovens. Penso eu que se tivesse um pouquinho a mais de política a censura cairia em cima e ele não seria lançado, afinal estávamos saindo de uma ditadura...

Sinopse da editora:
"Uma crítica mordaz à moral sexual e às estruturas político-partidárias de nossos dias. (final dos 70, começo dos 80). Sobre este livro declarou um dos autores: "Em suma, o livro quer eliminar de uma vez por todas o complexo de culpa. Se o faz é um livro bem sucedido, se não, não!""



sexta-feira, 3 de maio de 2013

07 - Alfred Hitchcock e os bastidores de psicose


07 - Stephen Rebello; Alfred Hitchcock e os bastidores de psicose; Editora Intrínseca; 1990-2013; 250 páginas – Período de leitura: 02/05/13 - 15/05/13


Comentário:
Este é um livro sobre os bastidores da gravação de um filme que se originou de um livro “B”, que por sua vez foi baseado em fatos reais, na história de Ed Gein, um dos mais terríveis assassinos em série que o Estados Unidos já conheceu, e por sinal o livro em questão também virou filme, com Sir Anthony Hopkins interpretando Hitchcock. 
O FATO: 
“Ed Gein, (1906 - 1984), foi um homicida (foi culpado pela morte de apenas duas pessoas, desta maneira tecnicamente não se encaixa na definição de serial killer, também ladrão de lápide. Gein foi condenado pelos homicídios de duas pessoas, e suspeito no desaparecimento de outras cinco pessoas, em 1957. Os seus crimes ganharam notoriedade quando as autoridades descobriram que Gein exumava cadáveres de cemitérios locais e fazia troféus e lembranças com eles.” 
“A polícia suspeitou do envolvimento de Ed no desaparecimento de Bernice Worden, em 16 de Novembro de 1957. Entraram na propriedade de Ed à noite e descobriram o cadáver de Worden. Tinha sido decapitada, o seu corpo estava suspenso de pernas para o ar, os seus tornozelos estavam presos a uma viga. O seu tronco estava vazio, as suas costelas estavam separadas, tal como um veado. Estas mutilações ocorreram depois da sua morte, causada por vários tiros.” - wikipedia.
Durante a investida a casa de Ed, á noite, munida de lanternas, a polícia estarrecida encontrou: Duas tíbias. Dois pares de lábios humanos pendurados num cordão. Alguns narizes em cima da mesa da cozinha. Uma bolsa e braceletes feitos de pela humana. Quatro cadeiras estofadas com carne. Uma fileira bem ordenada de dez crânios. Um tambor feito a partir de um latão com pele humana como couro. Uma vasilha de sopa que era metade de um crânio invertida. As peles descarnadas de quatro rostos de mulheres, com ruge e maquiagem, presas com tachinhas na parede à altura dos olhos. Cinco rostos guardados em sacos plásticos. Dez cabeças de mulher, com a parte acima da sobrancelha cortada fora. Um par de calças feitas de pele humana e um colete incluindo mamas, arrancadas. Na cozinha foi encontrado um coração humano dentro de uma panela. Na geladeira, o congelador estava abastecido de órgãos humanos cuidadosamente embalados.
Alguém se lembrou do Silencio dos inocentes, ou Massacre da serra elétrica, ou é claro do filme em questão Psicose? É que este terrível e demente “psicopata” serial killer serviu de inspiração para todos estes excelentes filmes e para muitos outros.
Por mais ridiculamente engraçado que possa parecer Ed Gein transformou-se em um cultuado símbolo americano, estampando tatuagens, movimentando “romarias” até o que sobrou de sua incendiada casa e até uma fantasiosa candidatura presidência dos EUA. 
O LIVRO:  
Sabendo disso, um escritor um tanto despretensioso chamado Robert Bloch, numa espécie de vislumbre da alma humana e de si mesmo, através das escassas matérias sobre o caso Gein resolveu escrever um novo romance sombrio que ser querer acabaria explorando o âmago das trevas particularmente americanas. Robert Bloch resolveu que o assassino seria um gerente de hotel, pois assim teria acesso a desconhecidos. Seguindo seu interesse pela psicologia e anormalidade, Bloch começou a desenvolver motivações plausíveis para seu bizarro personagem principal. “Pensei: e se ele cometesse estes crimes num surto amnésico, sobre o controle de outra personalidade?” Em 1950 as teorias de Freud estavam eram muito populares, foi então que ocorreu a Bloch o complexo de Édipo. Ao usar taxidermia como elemento da trama ele traz a cena questões desagradáveis e bizarras e note-se não chega nem perto da crueldade do caso real. Depois temos uma heroína mais ou menos simpática que morre de forma trágica e indefesa no chuveiro logo no começo da historia, etc.
A primeira edição de dez mil cópias teve boas vendas, porém para os entendidos do gênero literatura mainstream, psicose era visto com certo desprezo. Até que em abril de 59 um agente da MCA fez uma oferta anônima de 7500 dólares pelos direitos de filmagem. E é claro Bloch vendeu os direitos, mas o que ele nem sequer imaginava era que o comprador era ninguém menos de Alfred Hitchcoock. E como se já não bastasse Bloch ainda recebeu outro golpe, descobriu que seu contrato não incluía participação nos lucros. 
PSICOSE O FILME:
Quando Hitchcock comprou os direitos sobre Psicose, ele já era famoso, estava com 59 anos e já tinha feito todos os filmes que o tornara conhecido quase uma lenda, 46 longas-metragens e uma bem sucedida carreira na TV, e... procurava algo diferente, mas porque Psicose? Pensavam seus investidores - “uma desesperadora história de vidas exauridas em escritórios furrecas, motéis caindo aos pedaços e uma casa decrépita.” 
A Paramount não custeou o filme e Hitchcock teve que tirar do próprio bolso todo o dinheiro para produção do filme. Arregimentou nada menos que Anthony Perkins, de O Processo para interpretar Norman Bates personagem controverso do livro (Ed Glein), e Janet Leigh, de a marca da maldade, ambos filmes de Orson Welles, para interpretar a nossa heroína. Comete um crime quem negligenciar Psicose, este filme casou um impacto tão grande que nunca mais conseguiu se recuperar, viveu correndo atrás de um novo Psicose e morreu à sua sombra. E sem falar da antológica, clássica e assustadora cena de assassinato no chuveiro acompanhada de uma trilha sonora que mexe com nossos nervos que, por sinal, continua a assustando e arrancando gritinhos e calafrios. Imaginem o que não causava na época de lançamento do filme onde tudo era proibido e a censura católica tinha muita força. 
ALFRED HITCHCOCK E OS BASTIDORES DE PSICOSE O LIVRO: 
Foi então que em 1986, Stephen Rebello, escritor e roteirista, sabendo do legado de Hitchcock começou uma profunda e detalhada pesquisa sobre estas histórias, entrelaçamentos, comparações e analogias que resultou na publicação deste livro em 1990, razão deste longo comentário (nos meus padrões, é claro).
Mas a histórias não para por ai, 22 anos depois o livro de Stephen Rebello, Alfred e os bastidores de psicose ressurge do nada é re-editado, relançado e vira filme. 
HITCHCOCK O FILME: 
De todos os filmes citados aqui, este (o citado acima), foi o único que não assisti, até porque não gosto de ver um filme e depois ler o livro, não tem muito sentido. E é muito mais proveitoso o contrário. Hitchcock é um filme dirigido por Sacha Gervasi e baseado no livro de Stephen Rebello, é claro. Com um grandioso elenco que por si só já merece ser visto como: Anthony Hopkins e Helen Mirren. Hitchcock o filme, é focado na relação de Hitchcock e sua esposa, Alma, que sempre estava ao seu lado e tinha forte influência ao resultado dos projetos de seu marido. 
Sinopse da editora:
"Psicose, de 1960, entrou para a história do cinema como uma das obras mais importantes do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Neste livro, Stephen Rebello revela todos os detalhes da criação do filme que viria a influenciar gerações de cineastas e que mantém seu fascínio sobre as plateias mesmo depois de quarenta anos. A reconstituição dos bastidores da produção foi possível graças a uma extensa pesquisa que incluiu os arquivos pessoais de Hitchcock e uma série de entrevistas com os profissionais envolvidos nas filmagens, desde astros como Anthony Perkins e Janet Leigh a roteiristas e integrantes da equipe técnica.
Em seu relato, Rebello expõe os antecedentes da história que chegou às telas. Crimes sanguinolentos da vida real inspiraram um romance de suspense de autoria de Robert Bloch. Atraído pelos aspectos inusitados da obra, Hitchcock adquiriu os direitos de filmagem. No entanto, seu entusiasmo não conseguiu contagiar os executivos da Paramount, estúdio do diretor na época. Obstinado por sua visão artística, Hitchcock decidiu bancar pessoalmente os custos da produção, atraindo estrelas famosas por uma fração do cachê habitual. Rebello narra como foi a gênese de um dos marcos do cinema e todo o processo de criação. Seu livro, por sua vez, serviu de inspiração para o filme Hitchcock, de Sacha Gervasi, estrelado por Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Toni Collette, entre outros."
Anthony Perkins, astro de Psicose "Meticulosamente pesquisado e irresistível... É uma leitura obrigatória não apenas para os fãs de Psicose como também para qualquer um que se interesse pelos bastidores da criação de um filme."
Richard Schickel, crítico da revista Time "Um dos melhores relatos já produzidos sobre a criação de uma obra cinematográfica."
Washington Post "Rebello conversou com praticamente todos os participantes da filmagem. O resultado é um livro com informações para os cineastas e que encantará os fãs de Psicose."
Gus Van Sant, cineasta "Essencial... Aprendi muita coisa com a leitura desse livro."
New York Times “Ao acompanhar de perto o processo criativo de Hitchcock quando dirigiu o mais audacioso thriller do cinema, o livro ajuda o leitor a compreender melhor o impacto original provocado pelo filme.”