terça-feira, 29 de setembro de 2009

14 – O evangelho de João


14 – Jean-Yves Leloup; O evangelho de João; Vozes; 2006; 300 páginas – Período de leitura: 19/09/09 – 29/09/09 


Sinopse da editora:
"“En archè”: no início, no princípio, na origem, nos primórdios, no fundamento, na fonte, encabeçando...
Que palavra escolher para traduzir este arché?, este béréshit? – palavra primeira de toda a Gênesis? O que é o início?
Que semblante tínhamos antes do nosso nascimento?
De todas as questões que o homem se coloca, a questão da origem é a mais fundamental, pois ela o incita e o estimula a ir em direção à suas raízes, ela o obriga a determinar sua identidade: de que lugar você veio? Nunca devemos parar de nos questionar, do primeiro ao último alento, pois conhecer nossa origem é conhecer nosso fim, o porquê termos sido feitos.
No início, há um programa, um projeto, uma destinação, um destino, mas de que início estamos falando?
Falamos do início dos Tempos, de Outrora?
Antes de tudo, “no início”, é isto: o início do mundo, deste espaço-tempo. Muitos poderão então se perguntar: mas o que havia antes deste início, “pois do nada, nada pode sair”?
Com relação a esta questão, os rabinos, com muita habilidade, fazem notar que, no hebraico, antes da letra beth, inicial da palavra bereshit e primeira letra pela qual se inicia a Bíblia e o Prólogo, se eles tivessem sido escritos em hebraico, existe a letra aleph.
Aleph, primeira letra do alfabeto, símbolo de Deus na sua Unidade, na sua Asseidade; beth, a segunda, simbolizando a dualidade.
Desta maneira, chegamos à conclusão que bereshit, en archè, “no início”, é o nosso ingresso no mundo do dual, do temporal. É o início daquilo que um dia se acabará, do mundo composto que um dia se decomporá, o mundo da entropia ou ainda, voltando à palavra de São Paulo, “este mundo como vocês o vêem, este mundo que está desaparecendo...”
Antes do início, há o “aleph”, esta misteriosa liberdade “que é” e que faz com que haja algo além do nada...
O que existe no início? Será que poderíamos colocar esta questão de forma mais subjetiva, perguntando-nos, por exemplo, o que existe no início de nossos atos? na fonte de nossos pensamentos? de nossas emoções? de nossos sentimentos?
O que há no início de um amor, de um sonho? O que há na fonte de uma pulsão, de um grito, de uma angústia?
Nossa consciência é estimulada quando nos mantemos próximos da origem, reconduzindo-nos, assim, ao presente, pois talvez não devamos procurar o início no ontem, no antigamente, mas no aqui e agora. No próprio instante em que nos fazemos essa pergunta, o que nos coloca, nos aproxima do Ser? Quem, em nós, coloca essa questão?
Quando conseguimos ver e perceber todas as coisas na sua origem, no seu início, abrimo-nos a um sentimento de fraternidade que nos liga e nos une a tudo aquilo que vive: a árvore, a estrela, o pássaro nos são estranhos apenas quando os percebemos distantes da nossa origem em comum.
Ao bebermos na Fonte de tudo aquilo que vive e respira, ampliamos nosso coração e nosso sangue passa a ecoar em uníssono com todas as seivas do mundo. Manter-se próximo dos inícios, é manter-se infinitamente próximo daquilo que faz ser a unidade e a multiplicidade dos “seres que estão sendo”.
No início: O LOGOS."