quinta-feira, 4 de abril de 2013

05 - Como é



05 - Samuel Beckett; Como é; Editora Iluminuras; 2002; 188 páginas – Período de leitura: 03/04/13 - 20/04/13

Comentário:
Bom,... eu já tinha lido algo parecido com este “como é” de Samuel Beckett, estou me referindo a um conto “Um mês em Dachau” do russo Vladímir Sorókin. - Relata a historia de um cidadão russo que é torturado pela Gestapo – é feérico e violento - e narra suas experiências de forma entrecortada, entre lapsos e totalmente desprovida de sentimentos de dignidade.

MAS NADA! Nada me preparou para ler este livro. ...lembra Kafka no fato de fazer o leitor sentir-se perdido, porém Kafka é sutil, muito sutil se comparado a Samuel Beckett, seu livro “como é“ não tem coesão e coerência, é como estar ferido e procurando uma saída em meio a escombros em uma cidade devastada pela guerra. O texto é apresentado por uma seqüência de trechos separados por espaços em branco – se por uma razão qualquer eu retornar a ler um destes trechos – tinha uma concepção diferente a cada relida e era como se eu lesse pela primeira vez, é uma forma de leitura que não se fixa na mente – impossível cair no confortável e dizer: “agora estou entendendo” ou “agora peguei o jeito”. – experiência estranha, baseada apenas na interpretação pessoal. Um vislumbre, uma ideia, sonhos e lembranças.

“Como é” é a anti-poesia e também a anti-prosa, o próprio narrador perde o controle narrativo. “como é” é carregado de escatologia e sarcasmo, é também bizarro e sadomasoquista. Mas uma pequena frase, ou melhor duas, que representam bem a experiência de ter lido “como é” retiro do próprio livro: “como saber” ou “algo errado ai”

Sinopse da editora:
"Escrito originalmente em francês, em 1961, esse livro leva a extremos a desestabilização dos elementos estruturais do romance. A instabilidade introduzida nessa obra manifesta uma crítica à busca de controle e poder da parte do escritor.

Romance que não tem nada de romanesco, drama apocalíptico irrepresentável em mais de um sentido e fim enfático de qualquer responsabilidade de 'Eu' lírico, trata-se, enfim, de uma obra 'como (ela) é' - uma das melhores escritas no século XX e que consegue sê-lo a partir de uma rara economia narrativa e anímica, que de tanta 'falta' pode ser também quase tudo."







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